quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
DIPLOMAS RECEBIDOS EM 2013
A palavra é um clamor é a forma mais concreta que temos, para amar ou odiar, para perdoar ou vingar, para entender ou acusar, para...
sábado, 15 de fevereiro de 2014
TEMOS FESTA
Mercêdes Pordeus lendo a sua poesia em exposição no Paço do Frevo
Mercêdes Pordeus poeta e escritora, natural de Olinda e residente no Recife/PE Brasil, foi convidada em 2011 pela Gerência Jurídica da Fundação Roberto Marinho a participar com o seu poema “RECIFE E SUA POESIA” a fazer parte integrante do acervo do Paço do Frevo, sendo que a licença concedida em caráter definitivo compreende toda e qualquer modalidade de utilização, distribuição, armazenamento, exposição de conteúdo ou à divulgação das atividades do Paço do Frevo...
"O Paço do Frevo é um espaço para perpetuar a riqueza de um dos principais ícones da identidade pernambucana, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. Uma iniciativa da Prefeitura do Recife, com criação e realização da Fundação Roberto Marinho.
O complexo cultural é destinado à difusão da cultura do frevo, além de pesquisa, lazer, capacitação e apoio profissional aos que atuam em favor dela. O edifício onde está sediado o Paço do Frevo é tombado pelo IPHAN desde 1998 e foi totalmente recuperado. Até 1973, no imóvel, funcionava a Western Telegraph Company.
O Paço do Frevo teve suas obras iniciadas em março de 2010, com um investimento de R$ 11,7 milhões, e ainda R$ 2,8 milhões gastos diretamente pela Prefeitura em ações como a desapropriação do prédio e a compra de acervo, mobiliário e equipamentos. O espaço é uma referência cultural, arquitetônica e histórica para todo o País."
LEIA TODA A MATÉRIA EM: http://www.carmovasconcelos-fenix.org/revista/eisFluencias/eisFluencias_Fevereiro_2014_4_27-11.htm
ALGUMAS FOTOS DO PAÇO DO FREVO em Recife/PE - Brasil
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paço do frevo
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domingo, 9 de fevereiro de 2014
"Sei que não vou por aí"
Cântico Negro
de José Régio
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!
In Poesia I, José Régio, Obra Completa (Poemas de Deus e do Diabo), INCM, 2004
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!
In Poesia I, José Régio, Obra Completa (Poemas de Deus e do Diabo), INCM, 2004
_____________________
José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis
Pereira, (Vila do Conde, 17 de Setembro de 1901 — Vila do Conde, 22 de Dezembro de 1969)
foi um escritor português que
viveu grande parte da sua vida na cidade de Portalegre (de 1928 a 1967). Foi possivelmente
o único escritor em língua portuguesa a dominar com igual mestria todos os
géneros literários: poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, jornalista, crítico, autor de diário,memorialista, epistológrafo e historiador da
literatura, para além de editor e diretor da influente revista literária Presença,
desenhador, pintor, e grande colecionador de arte sacra e
popular. Foi irmão do poeta, pintor e engenheiro Júlio Maria dos Reis
Pereira, que como artista plástico se assinava Júlio e como poeta Saul Dias.
Biografia
Foi em Vila do
Conde que José Régio nasceu no seio de uma família da burguesia provincial,
filho de ourives, e aí viveu até acabar o quinto ano do liceu. Ainda jovem
publicou na sua terra-natal os primeiros poemas nos jornais O Democrático e República.
Depois de uma breve e infeliz passagem por um internato do Porto (que serviu de
matéria romanesca para Uma
gota de sangue), aos dezoito anos foi paraCoimbra, onde se licenciou em
Filologia Românica (1925) com a tese As
Correntes e As Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa.
Esta tese na época não teve muito sucesso, uma vez que valorizava poetas quase
desconhecidos na altura, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro; mas,
em 1941,
foi publicada com o título Pequena
História da Moderna Poesia Portuguesa.
Em 1927,
com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões, fundou
a revista Presença, que veio a ser
publicada, irregularmente, durante treze anos. Esta revista veio a marcar o
segundo modernismo português, que
teve como principal impulsionador e ideólogo José Régio. Este também escreveu
em jornais como Seara Nova, Ler, O Comércio do Porto e o Diário de Notícias.
Ainda na área da imprensa, colaborou em diversas publicações periódicas,
nomeadamente nas revistas: Contemporânea(1915-1926), Altura(1945), Principio(1930), Sudoeste(1935) e Variante (1942-43). Foi neste mesmo ano que
José Régio começou a leccionar Português e Francês num liceu no Porto,
até 1928,
e a partir desse ano em Portalegre, onde esteve
quase quarenta anos. Durante esse tempo, reuniu uma extensa e preciosa colecção
de antiguidades e de arte sacra alentejanas que vendeu à Câmara Municipal de
Portalegre, com a condição de esta comprar também o prédio da pensão onde
vivera e de a transformar em casa-museu. Em 1966,
Régio reformou-se e voltou para a sua casa natal em Vila do Conde, continuando
a escrever. Fumador inveterado, veio a morrer em 1969, vítima de ataque cardíaco. Nunca se
casou, mas não era celibatário, como demonstra o seu poema Soneto de Amor
Como escritor,
José Régio é considerado um dos grandes criadores da moderna literatura
portuguesa. Reflectiu em toda a sua obra problemas relativos ao conflito entre
Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade. Usando sempre um tom psicologista e
misticista, analisando a problemática da solidão e das relações humanas ao mesmo
tempo que levava a cabo uma dolorosa auto-análise, alicerçou a sua poderosa
arte poética na tríplice vertente do autobiografismo, do individualismo e do
psicologismo. Seguindo os gostos do irmão, Júlio/Saul
Dias, expressou também o seu talento para as artes plásticas ilustrando os
seus livros.
Régio teve
durante a sua vida uma participação activa na vida pública, mantendo-se fiel
aos seus ideais socialistas, apesar do regime conservador de então, mas sem
condescender igualmente com a arte panfletária. Recebeu em 1966 o Prémio
Diário de Notícias e
em 1970 o Prémio
Nacional da Poesia. Hoje em dia as suas casas em Vila do
Conde e em Portalegre são casas-museu.
Poesia
a.d.- toada de
Portalegre
Ficção
·
Ensaio, Crítica,
História da Literatura
·
Correspondência
·
Ver
também
·
Ligações
externas
Centro de Estudos
Regianos, em Vila do Conde
(Fonte Wikipédia)
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José Regio
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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
ah não... ah sim... ui... (titulo meu) e o senhor não é Vasco Graça, mas sim Vasco da Graça (Moura) e é Doutor. Também há doutores em poesia?
“blues da morte de amor”
Vasco Graça Moura
já ninguém morre de amor, eu
uma vez
andei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de humores bem sacudidos,
depressões sincopadas, bem graves, minha querida.
mas afinal não morri, como se vê, ah, não,
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah, sim, pela noite dentro, minha querida.
andei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de humores bem sacudidos,
depressões sincopadas, bem graves, minha querida.
mas afinal não morri, como se vê, ah, não,
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah, sim, pela noite dentro, minha querida.
a gente sopra e não atina, há
um aperto
no coração, uma tensão no clarinete e
tão desgraçado o que senti, mas realmente,
mas realmente eu nunca tive jeito, ah, não,
eu nunca tive queda para kamikaze,
é tudo uma questão de swing, de swing minha querida,
saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,
e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.
no coração, uma tensão no clarinete e
tão desgraçado o que senti, mas realmente,
mas realmente eu nunca tive jeito, ah, não,
eu nunca tive queda para kamikaze,
é tudo uma questão de swing, de swing minha querida,
saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,
e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.
há ritmos na rua que vêm de
casa em casa,
ao acender das luzes, uma aqui, outra ali,
mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha
no lusco-fusco da canção parar à minha casa,
o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,
minha querida, toda a gente do bairro,
e então murmurarei, a ver fugir a escala
do clarinete: – morrer ou não morrer, darling, ah, sim.
ao acender das luzes, uma aqui, outra ali,
mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha
no lusco-fusco da canção parar à minha casa,
o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,
minha querida, toda a gente do bairro,
e então murmurarei, a ver fugir a escala
do clarinete: – morrer ou não morrer, darling, ah, sim.
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domingo, 26 de janeiro de 2014
COM QUE CORAGEM VAMOS CONTAR-LHES?
Victor Jerónimo
Avôzinho querido
porque está tanto calor?
Minha netinha
porque os homens na cobiça
Não souberam parar
na busca da riqueza,
Inventaram
tecnologias de ponta e destruição´
Em energias
atomicas que causaram radiação.
Avôzinho querido
porque não há agua para beber?
Minha netinha
porque a água foi poluída em demasia,
Nas águas outrora
limpidas o lixo vazaram
Estes chegarem às
nascentes e se perderam,
E com a água da
chuva ácida vem a agonia.
Avôzinho querido, porque
não consigo respirar?
Oh minha amada
netinha vem para o meu regaço
Aninha-te junto a
mim para te fazer carinho.
Para com esta
pouca água te refrescar
E contigo repartir
a botija de oxigenio.
12.Jan.2007
Recife
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A INFÂNCIA E O MUNDO
A INFÂNCIA E O MUNDO
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil
Eu dormi e sonhei com a
infância
No sonho as crianças eram
felizes
Era uma felicidade plena
de matizes
Num mundo sem quaisquer
cicatrizes.
Enquanto sonhava, fui
tomada pela aflição.
Por quê? Perguntava-me,
essa contradição?
Infância nas ruas pedindo
um pedaço de pão,
Crianças nas calçadas, a
infância na solidão.
Aos poucos meu sonho se
tornava pesadelo
Em meio à confusão,
crianças sem desvelo.
Queria acordar. Seria
mesmo um pesadelo?
Chorei e expressei minhas
palavras de anelo.
Oh! Crianças, herdeiras do
Reino dos Céus!
Pergunto-me:- Por que
vivem jogadas ao léu?
Violentadas todo o dia,
exibidas como troféus.
Quem sabe um dia ainda
possam dizer: Valeu!
Finalmente, depois de
tanta angústia, eu acordei.
Olhei para meu filho, e
que privilégio, eu pensei!
Senti a felicidade de ver
uma criança com um lar,
Conhecendo e sentindo o
sentido do verbo amar.
Até quando sofrerão a
maldade sem piedade?
Andando solitárias e com
fome pelas cidades
Onde está a humanidade e
sua solidariedade?
Violentando crianças desde
a mais tenra idade?
29/set/06
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